RELATO DE CASO (Versão original)
Cardiomiopatia secundária á distrofia de Steinert
Bruno Afonso Lagoeiro Jorge1, Pedro Gemal Lanzieri1, Fábio Braida do Carmo1, Paula Maíra Alves Haffner2, Antônio José Lagoeiro Jorge3, Wolney de Andrade Martins4
1 Acadêmico de graduação em Medicina. Universidade Federal Fluminense (UFF). Niterói (RJ). Brasil.
2 Médica Residente em Cardiologia. Universidade Federal Fluminense (UFF). Niterói (RJ). Brasil.
3 Mestre em Ciências Cardiovasculares. Universidade Federal Fluminense (UFF). Niterói (RJ). Brasil.
4 Doutor em Cardiologia. Universidade de São Paulo. São Paulo. Brasil.
Professor da Faculdade de Medicina. Universidade Federal Fluminense (UFF). Niterói (RJ). Brasil.
Instituição: Universidade Federal Fluminense (UFF). Departamento de Medicina Clínica. Niterói (RJ). Brasil.
Correspondência: Dr. Bruno Afonso Lagoeiro Jorge
Avenida Marques do Paraná 303. Sexto andar. CEP: 24030-215. Centro de Cardiologia. Niterói. (RJ). Brasil.
Telefone: 552126299207
E-mail: brunolagoeiro@hotmail.com
O autor e os coautores estão de acordo com todo o conteúdo expresso no manuscrito e assumem a responsabilidade pela veracidade do relato.
Este trabalho é parte do Diretório de pesquisa “Insuficiência cardíaca da molécula à população” do curso de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares
da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Recebido: 02/02/2012
Aceitado: 20/06/2012
Resumo
A distrofia miotônica tipo 1 (DM1 ou doença de Steinert) é uma doença genética com repercussões multissistêmicas, na qual é comum o paciente buscar diversos especialistas antes da suspeição clínica. O envolvimento cardíaco é uma das características principais da evolução da DM1 e explica, em parte, a menor expectativa de vida dos pacientes. Relata-se caso de paciente masculino, 28 anos, com admissão por insuficiência cardíaca descompensada após oito anos de diagnóstico quando apresentou episódio de síncope secundária a bloqueio atrioventricular total. Sob marca-passo definitivo desde então. Discutem-se os aspectos etiológicos, fisiopatológicos e clínicos da DM1 com ênfase nas manifestações cardiovasculares.
Palavras-chave: Doença de Steinert; Distrofia miotônica; Insuficiência cardíaca; Bloqueio atrioventricular; Marca-passo artificial.
Introdução
A distrofia miotônica (DM) progressiva é uma síndrome genética, autossômica dominante, de herança materna e é a doença neuromuscular mais freqüente em adultos. Tem prevalência de 1:8000 nascimentos1 e se apresenta como tipo 1 (DM1 ou Distrofia de Steinert) e tipo 2 (DM2). A DM1 é o tipo mais comum e se manifesta, em sua forma clássica, entre os 12 e 30 anos de idade. Os pacientes apresentam anormalidades cardíacas como distúrbios da condução atrioventricular; arritmias atriais e ventriculares; e insuficiência cardíaca (IC). Outros acometimentos são hipogonadismo e infertilidade, catarata, distúrbios do sono, resistência insulínica e hipotireoidismo. Devido ao quadro multissistêmico, é comum o paciente buscar diversos especialistas antes da suspeição clínica da doença.
Relato do caso
História e exame físico
SRCO, 28 anos, natural de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil,
solteiro e professor. Diagnosticado com distrofia de
Steinert em 2003, após investigação de episódio sincopal,
que culminou no diagnóstico de bloqueio atrioventricular
(BAV) total e conseqüente implante de marca-passo (MP),
dupla câmara. Evoluiu assintomático nos cinco anos seguintes.
Em 2008, iniciou quadro de dispneia aos grandes
esforços, ocasião em que foi diagnosticada IC. Foi iniciado
tratamento ambulatorial com carvedilol, espironolactona,
furosemida e digoxina. Em 2011, apresentou piora clínica,
com agravamento dos sintomas neuromusculares e sinais
de congestão sistêmica. Há três meses da internação, apresentou
dispneia progressiva, que evoluiu dos grandes aos mínimos esforços (classe funcional II para III da New
York Heart Association -NYHA-), ortopnea, dispneia paroxística
noturna (DPN), edema em membros inferiores
e aumento do volume abdominal. Mãe teve diagnóstico
de DM1 e cardiopatia, com óbito aos 33 anos de idade.
Sem outros casos doenças cromossômicas e morte súbita
na família.
Ao exame físico: lúcido e orientado; fácies típica da
doença de Steinert, com atrofia dos músculos temporal
e masseter. Frequência cardíaca de 60bpm; pressão
arterial de 90/60 mm Hg. Emagrecido (peso= 50,7kg e índice de massa corporal= 17,1 Kg/m2). Taquipneico (22
irpm), sem esforço respiratório. Ausência de turgência
jugular à 45 graus. Ictus cordis visível no 5º espaço
intercostal, na linha hemiclavicular esquerda, globoso,
duas polpas digitais. Ritmo cardíaco regular em quatro
tempos por 3ª e 4ª bulhas, sem sopros. Ginecomastia
bilateral, simétrica, indolor. Circulação colateral venosa
em face anterior do tórax. Musculatura intercostal consumida,
com arcos costais visíveis. Exame pulmonar
sem alterações. Abdome com circunferência de 76cm e
presença de ascite moderada. Membros inferiores com
edema (3+/4+). Pupilas anisocóricas (esquerda>direita)
e fotorreagentes. Ausência de reflexo miotônico. Estática
e coordenação preservadas. Força muscular grau 4,0
proximal nos membros superiores, inferiores e pescoço,
e 4- nos pés. Reflexos profundos hipoativos e simétricos.
Sensibilidade preservada. (Figuras 1A e 1B).
Figura 1. Fotografias do frente (A) e perfil (B) de paciente com Doença de Steinert. Evidenciam atrofia muscular, ginecomastia
secundária à espironolactona, ascite e gerador de marca-passo.
Exames Complementares
Telerradiografia do tórax em posteroanterior e perfil evidenciaram cardiomegalia (índice cardiotorácico= 0,53); MP dupla câmara; e pulmões sem alterações (Figuras 2A e B). Eletrocardiograma mostrou comando de marca-passo (Figura 3). O ecocardiograma evidenciou aumento biatrial; disfunção biventricular com hipocinesia difusa grave do ventrículo esquerdo; regurgitação mitral leve e tricúspide moderada; pressão sistólica de artéria pulmonar estimada em 48 mm Hg; veia cava inferior congesta; e dissincronismo atrioventricular. Clearance de creatinina estimado= 96 mL/min, Na+=130 mEq/L, bilirrubina total= 2,89 mg/dL, com fração direta= 1,69 mg/dL.
Figura 2. Telerradiografia do tórax em posteroanterior (A) e perfil (B). Índice cardiotorácico de 0,53 e marca-passo.
Figura 3. Eletrocardiograma basal da internação mostra comando de marca-passo.
Evolução
Foi admitido na enfermaria de cardiologia e iniciou-se furosemida venosa, carvedilol, espironolactona e digoxina, que posteriormente foi suspensa devido à elevação da digoxinemia (3,5 ng/mL). Paciente permaneceu internado por oito dias, com melhora clínica e laboratorial. Retornou à classe funcional II da NYHA, com remissão da DPN. Houve regressão do edema de membros inferiores para (1/4+); redução discreta da ascite e do volume abdominal (74 cm); e diminuição do peso corporal com perda de 1,7 Kg. Recebeu alta com melhora dos sintomas e regressão dos sinais.
Discussão
A apresentação clínica da DM1 varia de acordo com
o número de repetições da cadeia citosina-tirosinaguanina
(CTG) no gene da proteína-quinase. O número
de repetições determina a ocorrência das formas clínicas
branda (50-150 repetições), clássica (100-1000) ou grave
(500-2700)1. Os doentes com perfil clássico de DM1
têm início dos sintomas entre os 12 e 30 anos de idade,
apresentando-se com fraqueza e atrofia muscular; miotonia;
catarata; alopecia; e distúrbios da condução cardíaca1.
Embora não tenha sido realizada a pesquisa genética, o
paciente desse relato apresentou história e manifestações
clínicas sugestivas do fenótipo clássico, ou seja, alteração
da marcha; preservação da musculatura das mãos; fácies
típica, incluindo ptose palpebral e atrofia da musculatura
do masseter; e disfagia para sólidos. Na DM1 predomina
a fraqueza muscular distal progressiva, com dificuldade
de realizar movimentos finos com mãos e pés. A fácies
característica depende da fraqueza da musculatura facial.
Os músculos flexores da nuca são comumente envolvidos.
Ocorre lesão dos neurônios adrenérgicos da formação
reticular ascendente, que pode ser acompanhada de
neuropatias2. Acometimento do trato gastrointestinal
desencadeia redução da motilidade da hipofaringe e do
esôfago proximal, com consequente disfagia e pneumonias
por aspiração1-5. Outras características clínicas descritas,
porém ausentes nesse paciente, são: catarata, alopecia,
resistência insulínica, síndrome do intestino irritável,
colecistite e miotonia1.
O paciente relatado teve apresentação clínica da DM1
aos 20 anos de idade e referiu óbito da mãe pela mesma
doença aos 33 anos. Estudos demonstram que a expectativa
de vida desses pacientes está abaixo da média população
geral. As causas imediatas de mortalidade, em ordem
decrescente, são: (1ª) pneumonia; (2ª) falência neuromuscular;
(3ª) doença cardiovascular ou morte súbita
atribuída aos distúrbios de condução; e (4ª) câncer6-8. A
média da idade de mortalidade referida na literaturaé 54 anos, com relatos de sobrevida até os 80 anos, com
maior longevidade atribuída à forma branda da doença.
A expectativa de vida na DM1 difere das demais doenças
neuromusculares como Duchenne que possuem
expectativa vida significativamente menor. Infecções de
repetição e complicações tromboembólicas aumentam o
risco de mortalidade desses pacientes9-11.
O paciente deixou de exercer suas atividades laborais
há dois anos da presente internação. As manifestações
clínicas da DM1 podem afetar o estado comportamental,
emocional e cognitivo, o que dificulta a interação social
e o grau de aprendizado. Isso prejudica as atividades
diárias e reduz a qualidade de vida. Em pacientes com
DM1, o comprometimento do estado mental e a presença
de distúrbios comportamentais são fatores que influenciam
o manejo e a terapêutica e, consequentemente no
prognóstico12, o que não esteve presente neste caso.
O envolvimento cardíaco é uma das características principais
da evolução da DM1. A histopatologia cardíaca pode demonstrar fibrose do sistema de condução e do
nodo atrioventricular, hipertrofia dos cardiomiócitos e
infiltração gordurosa. Há bandas I proeminentes e degeneração
miofibrilar à microscopia eletrônica. Fibrose
miocárdica e degeneração do sistema de condução podem
levar a bloqueio atrioventricular, assistolia, taquiarritmia
ventricular ou morte súbita11. São freqüentes os distúrbios
de condução, principalmente no sistema de His-Purkinje,
com destaque para o aumento do intervalo PR e o alargamento
do QRS. Apesar da elevada incidência, essas
alterações costumam ser subclínicas13. Arritmias atriais
ou ventriculares podem estar presentes, geralmente benignas.
Há marcada dissociação entre a prevalência de
alterações eletrocardiográficas com a baixa frequência
de sintomas cardiovasculares14. Não há correlação estabelecida
entre o grau de sintomas cardiovasculares e
musculoesqueléticos. Acredita-se que, na forma clássica,
quanto mais precoce ocorrerem as manifestações neuromusculares – ainda que apenas a miotonia na segunda
década de vida – maior será o comprometimento do
sistema His-Purkinje. Por outro lado, quando o início
dos sintomas neuromusculares for mais tardio, entre
a terceira e quarta décadas, os distúrbios da condução
cardíaca provavelmente se correlacionarão com o tempo
de evolução e o grau de variação fenotípica da doença.
A presença de distúrbio da condução cardíaca no caso
relatado é considerada fator de pior prognóstico13.
Ainda não foram estabelecidos os critérios de elegibilidade
para implante de MP nesses pacientes, mas foi
demonstrado seu uso precoce pode evitar a morte súbita.
A cardiomiopatia dilatada pode ser precoce, porém
assintomática, e a intolerância aos esforços é um parâmetro
tardio de apresentação da IC, já que a restrição,
pela disfunção musculoesquelética, impede a prática de
exercícios vigorosos por esses pacientes. A proporção de
portadores de DM1 e IC com fração de ejeção preservada
ainda não foi descrita na literatura. A etiopatogenia
da disfunção miocárdica ocorre por falência muscular
pura ou é agravada pelo dissincronismo presente nestes
pacientes. É provável que a presença de MP sem função
de ressincronização possa agravar a dissincronia ventricular
e, consequentemente, piorar a disfunção cardíaca.
A doença de Steinert deve ser levada em consideração
como diagnóstico diferencial em pacientes jovens com
quadro de síncope associada a BAV. Além disso, pacientes
diagnosticados devem ser acompanhados com
ECG seriados15.
A pesquisa genética no diagnóstico da DM1 avançou a
partir de 1992, com a disponibilização do teste de biologia
molecular. Diversos estudos foram publicados apresentando
a expansão instável de repetição da cadeia CTG no
gene da proteína-quinase16-20, hoje considerado o padrão
ouro para o diagnóstico de DM1. É apropriado iniciar a
confirmação diagnóstica com a análise genética, em vez
da eletroneuromiografia (ENM). Em geral, as informações
da ENM são limitadas nesses pacientes, entretanto pode
ser útil para casos atípicos em que não há clínica aparente
de miotonia ou quando os testes moleculares para DM são
normais. No caso relato, o diagnóstico de DM1 foi baseado
na impressão clinica, prática com respaldo na literatura. Usualmente, este diagnóstico pode ser estabelecido por
fraqueza muscular e miotonia, somados à história familiar
positiva. O paciente relatado apresentou, inicialmente, um
distúrbio de condução cardíaca, embora já tivesse o critério
da história familiar positiva e o quadro neuromuscular.
O tratamento da DM1 baseia-se em medidas sintomáticas
e apoio multidisciplinar. São empregadas próteses ortopédicas,
cirurgias oculares, fisioterapia motora e fármacos
para controle da mialgia tais como os antiinflamatórios,
gabapentina, antidepressivo, metilxantinas e glicocorticóides
em baixas doses2.Como os sintomas neuromusculares
foram mais brandos no paciente relatado, não se aplicou
tal terapêutica.
Conclusão
A DM1 é doença grave com comprometimento cardiovascular freqüente. Os pacientes devem ser monitorados quanto às lesões cardiovasculares, em especial a cardiomiopatia e os distúrbios de condução, freqüentes nesses pacientes e que podem ser subestimados frente à magnitude dos sintomas neuromusculares. Ainda que assintomáticos do ponto de vista cardiovascular, são recomendados exames de rastreio para diagnóstico precoce dessas condições, embora o prognóstico seja reservado na maioria dos casos.
Recursos financeiros
A linha de pesquisa em insuficiência cardíaca e cardiomiopatias do Curso de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares da UFF contam com fomento da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Conflito de interesses
Não há conflitos de interesses pertinentes.
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